Na esquina da Paulista com a Haddock Lobo a cidade suplica por amor. Sim, amor, pois se for só para foder com a cidade não é preciso nem pedir. Quer foder com a cidade? Legal, mas foda-a com amor. Enfie cada coisa no seu devido buraco. Lixo no cesto, bilhete na catraca, passageiro no metrô, cacetete na bunda dos arruaceiros.
Paulistânico de verdade não estupra a cidade. Ele a ama, passeia vagarosamente por suas curvas, acaricia seus prédios e monumentos com o olhar, vislumbra cada parque, isto é muito excitante! É um prazer longo, começa de manhã bem cedo a todo vapor, no fim da tarde chegamos ao orgasmo, à noite tomamos aquele banho e depois temos o merecido descanso para no dia seguinte fazermos amor de novo.
Quem não respeita a cidade não é paulistânico. Quem a trata como uma vagabunda qualquer não a merece. Cospem, violam, agridem... Pra quê? Se não gostam, então deixem-na! Sumam de sua vista! Deixem-na para nós, os amantes.
Ah, os amantes! Não ficamos enciumados. A cidade é enorme! Tem gás para todos nós e para quem mais chegar!
Venham! Vamos desfrutá-la! Ela não tem preconceitos! Seja você quem for, se estiver disposto à amá-la será bem acolhido em seus braços!